Dia da Mentira: Uma reflexão psicanalítica
- Danielle Bevilaqua
- 1 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de abr.
O Dia da Mentira, embora não possua uma explicação direta na psicanálise, nos oferece uma oportunidade singular para refletir sobre o comportamento de mentir a partir de uma perspectiva psicanalítica. Nesse contexto, a verdade e a mentira não se apresentam como opostos absolutos, mas como dimensões entrelaçadas na vida psíquica do indivíduo. Há, por exemplo, uma “verdade psíquica” que se manifesta mesmo naquilo que não corresponde à realidade objetiva, revelando desejos, medos e conflitos internos.

O Mecanismo de Defesa e a Verdade Psíquica
Muitas vezes, mentir funciona como um mecanismo de defesa, ajudando a pessoa a lidar com situações de frustração, medo ou com a necessidade de aceitação em grupos sociais.
Esse comportamento se reflete nas chamadas “mentiras sociais”, frequentemente motivadas por fatores como baixa autoestima, insegurança, traumas, ansiedade ou infelicidade. Ao evitar a verdade, o indivíduo busca proteger-se do julgamento ou da crítica, e, em alguns casos, essa estratégia se associa a comportamentos compulsivos – como exageros em comer, comprar ou beber –, transformando o ato de mentir em um padrão quase automático.
A psicanálise interpreta a mentira não apenas como um erro ou engano, mas como uma expressão dos mecanismos internos de defesa do ego, onde a “verdade psíquica” desempenha um papel fundamental na formação do comportamento.

Influências e Formação do Comportamento
A formação desse hábito está profundamente enraizada no ambiente familiar. Crianças que crescem cercadas por mentiras tendem a internalizar esse comportamento, o que ressalta a importância de incentivar desde cedo a prática da sinceridade.
Quando esse padrão evolui de maneira descontrolada, temos a mitomania ou mentira compulsiva, na qual a pessoa, mesmo consciente de que está mentindo, sente dificuldade em interromper esse comportamento e, frequentemente, não experimenta sentimentos de culpa ou medo de ser desmascarada.
Essa manifestação patológica pode coexistir com outras condições, como transtornos de personalidade, narcisismo ou psicopatia. Experiências emocionais negativas – como a rejeição na infância ou a crença de que “ser perfeito é necessário para ser amado” – podem distorcer a percepção do indivíduo, levando-o a interpretar interações neutras como críticas e a adotar comportamentos evitativos ou defensivos, demonstrando a influência da verdade psíquica sobre a interpretação da realidade.

Estratégias para a Transformação e Crescimento Pessoal
Compreender essas dimensões é fundamental para lidar com os comportamentos influenciados pela verdade psíquica.
Terapia psicanalítica, por exemplo, busca trazer à consciência os pensamentos e sentimentos reprimidos, permitindo ao indivíduo identificar as raízes de seus conflitos internos e trabalhar para transformá-los.
Práticas de mindfulness e autoconsciência auxiliam na observação sem julgamento dos próprios processos mentais, enquanto o cultivo de um diálogo interno positivo contribui para a reformulação de crenças negativas.
Atividades criativas, como a escrita, a arte ou a música, também podem funcionar como válvulas de escape e instrumentos de autoconhecimento.
Suporte social – seja através de amigos, familiares ou grupos de apoio – oferece novas perspectivas e o acolhimento necessário para enfrentar e superar as dificuldades.
A abordagem integrada de diversos recursos não apenas enriquece a compreensão dos mecanismos de defesa e dos conflitos internos, mas também abre caminhos para a transformação e o crescimento pessoal. Para auxiliar você nessa importante jornada de autoconhecimento, a psicóloga e psicanalista Danielle Bevilaqua criou com muito carinho o nosso blog. Explore todos os seus conteúdos! | BLOG ANSIOSAMENTE
Se precisar, estou à disposição!
📚 Leitura Recomendada
Autora: Maria Rita Kehl
Por que ler: A autora discute a relação entre verdade psíquica, sintoma e subjetividade. Uma ótima leitura para aprofundar o olhar sobre como construímos narrativas — conscientes ou não — para lidar com o desejo, o medo e a falta.
🔗 Referência externa sugerida:
Instituto de Psicologia da USP: https://www.ip.usp.br/
Textos introdutórios sobre psicanálise: https://www.ebiografia.com/sigmund_freud/
SBP – Sociedade Brasileira de Psicanálise: https://www.sbpsp.org.br/
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