A Síndrome de Peter Pan: Quando crescer parece um péssimo plano
- Danielle Bevilaqua
- 7 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de abr.
Você conhece alguém que parece viver em uma eterna adolescência? Que evita responsabilidades, foge de compromissos sérios e acha que crescer é opcional? Talvez você esteja lidando com um caso clássico da chamada Síndrome de Peter Pan, conceito cunhado pelo psicanalista Dan Kiley na década de 80. Não, não é um diagnóstico oficial do DSM, mas na clínica psicanalítica, é um tema que aparece mais do que gostaríamos de admitir.

Mas o que é essa tal de Síndrome?
Inspirado no personagem de J.M. Barrie — o menino que se recusa a crescer e vive aventuras na Terra do Nunca — o termo descreve adultos que evitam amadurecer emocionalmente. Eles podem até pagar boletos, mas emocionalmente continuam pulando de galho em galho como se estivessem em uma floresta encantada. A responsabilidade parece um vilão, o compromisso, uma prisão, e o cotidiano adulto, um tédio insuportável.
A raiz desse comportamento pode estar ligada a uma série de fatores: experiências traumáticas na infância, superproteção parental, ausência de limites claros, ou até mesmo um narcisismo mal resolvido que não permite aceitar a frustração como parte da vida.
O Peter Pan da vida real
Na prática, quem sofre dessa “síndrome” costuma ter dificuldades em sustentar vínculos profundos. Relacionamentos amorosos são intensos no começo, mas não raro acabam quando a fantasia dá lugar à realidade. Tarefas como manter um emprego, fazer planos a longo prazo ou dividir a vida com alguém são vistas como “peso”. E quem está do outro lado — o parceiro ou parceira — acaba ocupando o papel de Wendy: alguém que cuida, tenta guiar, e muitas vezes se frustra ao perceber que está mais para mãe do que para companheira.

Quando o amor vira frustração
Conviver com um Peter Pan pode parecer encantador no começo: há leveza, espontaneidade, criatividade. Mas, com o tempo, surge o cansaço. Porque um relacionamento saudável exige maturidade emocional, e isso inclui lidar com conflitos, frustrações, rotinas e responsabilidades — tudo aquilo que o Peter Pan moderno faz de tudo para evitar.
A parceira ou parceiro pode começar a se sentir sozinho, sobrecarregado ou até mesmo invisível. Afinal, é difícil construir um “nós” com alguém que vive fugindo do “eu adulto”.
E tem solução?
A boa notícia é que sim, com um bom processo terapêutico, é possível amadurecer emocionalmente. Não se trata de matar o Peter Pan interior (afinal, todos temos um pouco dele), mas sim de ensiná-lo a conviver com o adulto que também habita em nós.
O crescimento não precisa ser visto como o fim da magia, mas como uma oportunidade de viver aventuras mais profundas, mais verdadeiras — inclusive no amor.
Para auxiliar você nessa importante jornada de autoconhecimento, a psicóloga e psicanalista Danielle Bevilaqua criou com muito carinho o nosso blog. Explore todos os seus conteúdos! | BLOG ANSIOSAMENTE
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📚 Leitura Recomendada
Aqui vai uma sugestão de leitura que pode aprofundar sua reflexão sobre o tema abordado neste post. O objetivo é ampliar o olhar, acolher dúvidas e trazer novas perspectivas para sua jornada de autoconhecimento.
Título: A Síndrome de Peter Pan – Os homens que nunca cresceram
Autor: Dan Kiley
Por que ler: Este livro clássico trouxe à tona o conceito da “síndrome de Peter Pan” e seus desdobramentos emocionais e relacionais. Com uma linguagem acessível, o autor convida o leitor a refletir sobre os desafios da maturidade emocional e como ela afeta nossos vínculos. Uma leitura enriquecedora para quem deseja compreender melhor os mecanismos psíquicos que nos impedem de crescer — ou de nos relacionarmos com quem ainda está preso nessa dinâmica.
🔗 Referência externa sugerida:
Artigos de psicologia leigos: https://www.minutopsicologia.com/
Blog do Instituto de Psicologia da UFRJ: https://www.psicologia.ufrj.br/
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